O caso remonta a Maio deste ano, quando a Binter Cabo Verde recusou fazer a evacuação médica, para a Praia, de um homem que tinha sido baleado na Boa Vista. O homem acabou, depois, por ser transportado para o Sal por via marítima. No final da semana passada, o Ministério Público anunciou em comunicado que a companhia aérea e um dos seus comandantes tinham sido formalmente acusados dos crimes de impedimento de prestação de socorro e de omissão de auxílio.
Hoje, em conferência de imprensa, Walter Évora, afirmou que a "decisão do Ministério Público vem confirmar as várias denuncias feitas pelo PAICV da existência de indícios fortes de violação de lei cabo-verdiana nas diversas vezes que a Binter recusou transportar cabo-verdianos que necessitavam de evacuação de máxima urgência".
Para além de responsabilizar a empresa, o PAICV entende, no entanto, que a "a responsabilidade maior deve ser assumida pelo Governo" depois de "desmantelar um sistema de evacuações que era assegurado pelos TACV, Guarda Costeira e Cabo Verde Express, deixou os cabo-verdianos, residentes nas ilhas onde não existem condições de prestar assistência médica especializada, completamente desprotegidos".
Também o caso de Eloisa Correia, uma jovem que também foi evacuada para o Sal por via marítima e que acabou por falecer no hospital Ramiro Figueira, foi recordado por Walter Évora que acusou o governo de continuar "sem prestar esclarecimentos e informações ao Parlamento e a toda a Nação, relativamente ao resultado do inquérito que mandou instaurar no caso".
"Na sequência desse acontecimento o Governo decidiu substituir a Delegada de Saúde da ilha da Boa Vista, no entanto por razões que nos desconhecemos o Governo mantém em segredo o resultado do inquérito que mandou instaurar", denunciou o deputado do PAICV.
Outra questão que o PAICV quer ver esclarecida é o porquê de o governo ter contratado uma empresa para fazer as evacuações médicas e ser a Binter a fazer "uma boa parte das evacuações".