Em comunicado de imprensa endereçado à Inforpress, a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) disse concordar que a contenção do vírus deve ser considerada a primeira e maior preocupação, mas alerta o Executivo a estar atento aos seus efeitos na economia nacional.
Janira Hopffer Almada considerou que o efeito do Covid-19 já está a ter impacto “particularmente nas ilhas do Sal e da Boa Vista e, com especial acutilância, na Indústria de Viagens, Transportes e Turismo, com consequências imprevisíveis na actividade económica e no emprego e no rendimento” das populações cabo-verdianas que vivem desta indústria.
“O PAICV mantém-se firme e confiante, ao lado de Cabo Verde e solidário com o Povo cabo-verdiano e, por isso mesmo, reitera o seu interesse e a sua disponibilidade para colaborar em tudo o que for necessário e conveniente para proteger os cabo-verdianos e para salvaguardar os interesses do país”, lê-se nesta missiva.
A líder do maior partido da oposição afiançou, entretanto, que “as medidas já deveriam estar a ser implementadas e a população melhor alertada há mais tempo”, realçando que o “Governo já deveria ter feito a recolha de informações sobre a situação dos vários sectores e já deveria ter tido uma reunião de avaliação com representantes do sector privado”.
Exortou o Governo a preparar, com carácter de urgência, uma avaliação do impacto real da crise mundial actual, assim como a identificação urgente das iniciativas a serem tomadas para ajudar as empresas directamente atingidas, socorrer as pessoas e encontrar respostas para o pós-crise.
Recomendou também o Governo a analisar, em particular, os efeitos da redução das receitas do turismo sobre as receitas do Estado e o seu impacto no Orçamento Geral do Estado, com as suas consequências na geração do emprego.
A presidente do PAICV aproveitou ainda para apelar ao Executivo que analise o portfólio dos projectos financiados pelo Fundo de Desenvolvimento do Turismo (responsável pelo financiamento de vários projectos) e coloque, em cima da mesa, propostas alternativas para fazer face aos problemas sociais que poderão agravar-se.
A mesma fonte encorajou o Governo a ouvir os operadores turísticos e o sector privado para analisar as suas dificuldades e “tomar as medidas pertinentes, incluindo benefícios fiscais, e competente intervenção junto dos bancos, na perspectiva de analisar a possibilidade de adiamento dos pagamentos de prestações de créditos”.
Na sua missiva, a líder do maior partido da oposição sugere ao Governo que, urgentemente e em articulação com os “stakeholders” do sector do turismo, estude medidas adicionais específicas nesta área, de forma a salvaguardar os postos de trabalho neste sector.