Miguna Miguna, que possui também nacionalidade canadense, foi preso e apresentado a tribunal por “ter estado presente e consentir” ao acto de juramento levado a cabo pelo líder da oposição Raila Odinga que se auto-proclamou presidente numa cerimónia na capital, Nairobi.
Segundo o Africanews, através das redes sociais os quenianos têm expressado choque com a notícia de que Miguna Miguna foi deportado para o Canadá.
“Miguna foi chutado da sua pátria. Nunca imaginei que estaria vivo para assistir isso acontecer no meu próprio país”, escreveu um cidadão no Twitter.
A conta oficial do governo queniano nessa mesma rede social publicou que “Miguna está a caminho de casa” e acompanhou a informação com um vídeo que se supõe mostrar o advogado a bordo de um avião. “O tribunal ordenou que fosse libertado e o Ministério da Administração Interna obedeceu e ainda lhe prestou apoio ao facultar-lhe um bilhete de avião para casa”, escreveu a mesma fonte que ainda informou que Miguna tinha renovado o seu passaporte canadense em Junho de 2017.
Um dos advogados da figura política terá confirmado que o mesmo foi forçado a embarcar e que atestaram a informação de que o voo seguia para o Canadá. Outras fontes apontam que o voo fazia escala em Amesterdão (Holanda) antes de seguir para aquele país da América do Norte.
A detenção de Miguna, como antes referimos, resultou da sua participação no acto de juramento do líder da oposição Raila Odinga como “presidente do povo do Quénia”, a 30 de Janeiro. Isto quando Uhuru Kenyatta foi empossado para um segundo mandato como presidente, em Novembro passado, após ter vencido as eleições em Outubro.
Odinga boicotou as eleições, que tivera antes uma primeira volta em Agosto quando os tribunais ordenaram uma nova votação por entenderem que houvera irregularidades no processo que deu a vitória a Kenyatta.
Foi na sequência da confirmação da vitória de Kenyatta que Raila Odinga protagonizou a cerimónia de juramento, considerada pelo governo do Quénia como um acto de traição.
Ao assumir que foi ele que “ assinou o juramento e o conduziu”, Miguna Miguna tornou-se alvo da atenção das autoridades quenianas sendo que, a 2 de Fevereiro, uma força policial o deteve após arrombar a porta da sua residência.
“ Fui mantido em prisão ilegal por mais de cinco dias, nas mais horrendas, cruéis e inumanas condições”, declarou, citado pela BBC que também regista o categórico desmentido do advogado em como ele teria renunciado á sua nacionalidade queniana.
Entretanto, após a sua audição, o tribunal ordenou a soltura do membro da oposição. Ainda conforme o Africanews a deportação de Miguna acontece na sequência da proibição decretada por um juiz do Supremo Tribunal de que o director de Investigação Criminal e o inspector-geral da Polícia preferissem quaisquer acusações criminais contra o mesmo.
O governo está agora a ser pressionado a explicar a deportação à margem da lei do activista político.