Cabo Verde, segundo o Banco Mundial, demonstrou resiliência na recuperação pós-pandemia da COVID-19, mas “a crise evidenciou vulnerabilidades como a dependência do turismo e os riscos do fraco desempenho das Empresas Públicas”.
Em 2023, o crescimento económico desacelerou para 5,1%, com o turismo a regressar aos níveis pré-pandémicos. A situação orçamental melhorou, com o défice a diminuir para -0,3% do PIB, devido a um aumento das receitas fiscais. Contudo, persistem os riscos orçamentais devido ao desempenho das empresas públicas.
O apoio ao sector situou-se nos 40,2 milhões de dólares, sobretudo em garantias, como explica Rosa Brito, Economista para Cabo Verde do Banco Mundial.
“O apoio ao sector orçamental do Estado continua elevado, por isso é que nós continuamos a chamar a atenção para os riscos orçamentais, os passivos contingentes que essas empresas podem trazer para o orçamento do Estado”, adverte.
A inflação, que vai continuar a diminuir, caiu para 3,7% devido à redução dos preços dos combustíveis e dos géneros alimentícios. A previsão é que chegue a 2,7% em 2024, e atinja os 2% a médio prazo, e que o déficit da balança corrente se alargue este ano, situando-se nos 5,3%.
Prevê-se que o crescimento real do PIB permaneça estável em 2024, contudo, segundo o Banco Mundial, persistem” riscos significativos”, incluindo possíveis aumentos nos preços dos produtos de base, uma procura externa mais fraca nos mercados do turismo e progressos limitados na agenda de reforma das empresas públicas.
O relatório recomenda políticas para auxiliar a gestão macroeconómica.
“E o que está na agenda do Banco Mundial, não só para Cabo Verde, mas para todos os países na nossa região, é implementar reformas adicionais para mobilização de receitas externas e acelerar a consolidação orçamental. Então, nós temos aqui uma proposta que é rever e reduzir onde possível os incentivos fiscais ligados aos investimentos externos. Os incentivos são facultativos porque se prevê que haja maior retorno em termos de receitas para a economia. Então, a sugestão é fazer uma análise e ver se esses benefícios estão a gerar os incentivos que o país espera, e onde for possível rever e ou reduzir, porque isso trará mais receitas para o país”, refere.
A melhoria da conectividade entre as ilhas, da logística dos transportes, a redução do custo da energia, a transição energética, do ambiente de negócios são outras áreas que, segundo o relatório, precisam ser trabalhadas.