10 milhões de euros para investir na economia nacional

PorAndré Amaral,18 dez 2022 7:40

O fundo de capital de risco Pro-Impacto foi apresentado, no passado dia 5, na Praia. Resulta de uma parceria público-privada entre o Estado, por via da Pro-Capital, o Banco Mundial, a USAID, e a Injaro Investments e vai ter um capital de 10 milhões de euros.

João Carlos Silva, country manager da Investment Capital Partners, explicou ao Expresso das Ilhas que este fundo surge de “uma Parceria público-privada entre o Estado, por via da Pro-Capital, o Banco Mundial, a USAID, que é a agência de apoio ao desenvolvimento e investimento dos EUA através da plataforma de investimentos Trade Hub e a Injaro Investments, que é uma firma de gestão financeira registada nas Maurícias, mas com sedes operacionais em Accra e em Abidjan e que tem escritórios de representação em Nairobi, Dakar e que na Praia abriu uma sucursal que é a Investment Capital Partners, detida em 90% pela Injaro e 10% pela Pro-Capital”.

Como funciona

O fundo, sendo de capital de risco, vai investir nas empresas entrando no capital das mesmas, ou seja, “vai adquirir participações nas empresas e depois de as adquirir faz aquilo que os accionistas ou sócios podem fazer quando integram a estrutura societária da empresa”, explica João Carlos Silva.

A entrada do capital, acrescenta o gestor, será depois utilizada pelas empresas como financiamento para a expansão. “Nós investimos em empresas que tenham pelo menos três anos de actividade, não investimos em start ups. E o dinheiro que usamos para entrar é depois usado pelas empresas para financiar os planos de expansão”.

Valor mínimo

Os investimentos a serem feitos por parte do fundo variam entre os 35 mil e os 55 mil contos.

“Casuisticamente poderemos fazer um investimento na ordem dos 30 mil contos tal como podermos fazer um bocadinho acima dos 55 mil contos, mas tudo se e quando fizer sentido. Por norma será entre os 35 e os 55 mil contos”.

“À partida, é um valor de investimento bastante diferente daquilo que se faz em termos de private equity aqui no continente. Normalmente, nos outros fundos que a Injaro administra aqui no continente, nós investimos cerca de 1,5 a 2 milhões de euros por investimento, estamos a falar de cerca de 160 a 270 mil contos, o que para as PME tendo em conta a dimensão é capaz de ser dinheiro a mais. Com esse dinheiro, provavelmente, compraríamos muitas empresas”. João Carlos Silva aponta que com a participação do fundo no capital das empresas “não fazemos questão de ser maioritários. Até certo ponto preferimos ter uma minoria estratégica, estar em empresas que são bem geridas, que têm um plano de expansão credível, cuja gestão nos transmite confiança”.

Além da injecção de capital nas empresas, o fundo traduz-se igualmente em “todo o aporte técnico: consultoria de gestão, assessoria técnica, participamos no planeamento estratégico e, em princípio, temos a prerrogativa de colocar alguém no conselho de administração das empresas, uma vez que vamos entrar no capital, e vamos adquirir direito de voto na proporção daquilo que for o nosso investimento. Isto tudo sempre numa perspectiva de ajudar, agregando valor que transcende o capital”.

Áreas de investimento

O fundo, conforme explica João Carlos Silva, é generalista, no entanto, tem cinco sectores em que não investe. Quatro desses sectores são os sectores de exclusão do IFC (International Finance Corporation) – que é o braço para o sector privado do Banco Mundial – e que são as áreas do tabaco, bebidas alcoólicas, armamento e jogo. “À parte disso, nós não investimos, por opção estratégica, em imobiliária”, explica o gestor.

“Fora disso, investimos um pouco em todos os sectores com foco estratégico em alguns como logística, inclusão financeira, educação e saúde. Investimos também em energias renováveis e na indústria, na economia marítima e no agro-negócio numa perspectiva de agregar valor. Ou seja, investimos na parte do processamento industrial”.

No entanto, explica, o fundo não contempla “o investimento numa pesqueira que se dedique exclusivamente a esse negócio”. A preferência, refere, será dada a empresas que para além da pesca façam “algum processamento industrial para depois comercializar o produto já processado ou, então, empresas que se foquem na parte do processamento”.

Hotelaria não é prioritária

O sector da hotelaria “não é um dos sectores de foco principal” do fundo, aponta João Carlos Silva, mas não é totalmente descartada a possibilidade de investimentos neste sector.

“Nós temos consciência que o turismo é uma das traves mestras do desenvolvimento económico em Cabo Verde e a nossa perspectiva é que ajudando a solidificar todos os outros sectores que estão a montante e a jusante do turismo vamos contribuir para que Cabo Verde tenha uma oferta turística melhor do que já tem”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1098 de 14 de Dezembro de 2022. 

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Autoria:André Amaral,18 dez 2022 7:40

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  19 dez 2022 10:20

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