Vera Duarte fez essa afirmação quando participava na “Roda de conversa – 30 anos: Escrita literária, edição, estudos e circulação das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa no Brasil”, promovida pela embaixada cabo-verdiana em Portugal e pelo Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), no âmbito das comemorações do 05 de Julho, dia da independência nacional.
“Muito do que eu sou hoje como escritora, devo ao Brasil. Efectivamente, porque eu acho que o Brasil tem sido a grande estância de legitimação dos nossos escritores (…). Quando começamos a ser vistas e estudadas à medida que estamos a crescer, vamos tendo mais visibilidade, também em Portugal, em Cabo Verde”, afirmou a cabo-verdiana Vera Duarte.
Conforme ela, “a escrita tem sido uma maneira de quebrar barreiras nacionais”, porque hoje, sublinhou, ela pode afirmar que tem uma “família literária no Brasil, em Portugal, nos Estados Unidos da América (EUA), na Colômbia e que são com as partilhas literárias que se pode crescer e aprender.
Por sua vez, a professora e pesquisadora brasileira Íris Amâncio frisou que ela esteve sempre na luta, por ser uma mulher, brasileira e negra e porque no Brasil ainda tem uma sociedade marcada “profundamente pelas relações raciais” e que uma das lutas tem a ver com os estudos das literaturas.
Conforme explicou, no Brasil existe uma forma macro de estudar as literaturas africanas, incluindo as produzidas nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mas que a luta tem sido no sentido de se ter um olhar a nível nacional e estudar caso de cada país, especificamente.
Em 1993, a escritora cabo-verdiana Vera Duarte apresentou a 1ª edição do seu livro “Amanhã madrugada” e no mesmo ano, a professora e pesquisadora brasileira Íris Amâncio inicia os seus estudos “Afroliterários” na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Para além da autora cabo-verdiana Vera Duarte, e a brasileira Íris Amâncio, a roda de conversa, que foi moderada pela Geni de Brito, também teve como oradoras Ana Mafalda Leite, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), Inocência Mata, da Universidade de Lisboa (UL) e Maria Raquel Álvares, do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (CLEPUL).