Os artigos de opinião agora compilados em livro foram publicados na coluna que o autor manteve no Expresso das Ilhas durante sensivelmente três anos, mas abarcam um período transversal da história que se inicia com a formação das elites crioulas do século XVI, abordam os caminhos da independência e as reivindicações dos intelectuais das ilhas e tecem reflexões sobre o poder, quem o detém nas democracias modernas e a imagem negativa que projecta, bem como sobre a relação entre a democracia e as crises internacionais e sobre as sondagens na política.
Como escreve Carlos Veiga no prefácio, Noites Claras “debruça-se extensamente sobre o espetro partidário em Cabo Verde: antes de mais o MpD, de que [Daniel dos Santos] foi um dos fundadores, sua criação e natureza (partido ou movimento) seu papel histórico e a síndrome da divisão que o afligiu; mas também o PAICV e os conflitos internos evidentes que nele irromperam desde há alguns anos; e ainda a UCID, sua história e papel que pode desempenhar. Defende a alteração do sistema eleitoral que permita a independentes concorrer às eleições legislativas. Faz a história do advento da Democracia, de que foi um dos principais actores e que viveu por dentro. Perspetiva repetidamente a revisão constitucional de 2010, salientando a importância de consensos fortes. Opina sobre as eleições legislativas de 2011, antes e depois; sobre as candidaturas às presidenciais de 2012, não se escusando de me criticar por ter optado pelo regresso à liderança do MpD e não concorrer à presidência da República. Critica a crispação política em Cabo Verde; a politização e divisão no combate ao dengue. Analisa as heranças do autoritarismo no nosso país. Desilude-se com a muito má situação económica do país em 2010/2011. E trata assuntos diversos da nossa vida contemporânea como: a irrupção dos thugs na política; a necessidade de estancar a degradação da imagem da nossa comunidade nos EUA; ou o recenseamento eleitoral nas comunidades feita a tempo e horas”.
Para Carlos Veiga, trata-se de um livro de leitura obrigatória para todos quantos se interessam pelo país, sua história contemporânea “e a política que nele se fez, se faz e deve fazer nos dias de ontem, de hoje e de manhã”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 942 de 18 de Dezembro de 2019.